05/01/2008

O governo alemão tem memória curta

por Elio Gaspari

O repórter Marcio Damasceno revelou que cidadãos brasileiros têm sido enxotados da Alemanha porque, no entendimento dos burocratas de suas fronteiras, não trazem nos passaportes o visto adequado. Não há exigência de visto para que turistas alemães entrem no Brasil, nem para que brasileiros entrem na Alemanha. O desconforto atinge quem, por qualquer motivo, tenha um visto específico de outros países da União Européia e pretenda trasitar pela Alemanha.

Jamais se deve duvidar de um guarda de fronteira quande ele mostra um regulamento que impede isso ou aquilo. Contudo, pode-se lembrar à diplomacia de Bonn que esse tipo de tratamento é deselegante para com os cidadãos de um país que nos séculos XIX e XX acolheu cerca de 200 mil imigrantes alemães. Primeiro fugiam da fome. O pai do presidente Ernesto Geisel (1974-1979) atravessou um pedaço do Atlântico numa dieta de cebolas. Depois, fugiram do nazismo, inclusive a família de Caio Koch-Weser, vice-presidente do Deutsche Bank, nascido em Rolândia (PR).

Os guardas dos aeroportos alemães olham com suspeita para os brasileiros. Deveriam lembrar que, em matéria de maus antecedentes, ninguém baterá seu compratriota Joseph Mengele, cientista-residente do campo de concentração de Auschwitz, que viveu escondido no Brasil até sua morte, em 1970. (Pode-se fazer de conta que o governo alemão tentou descobrir onde ele estava.)

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