13/02/2008

Angola deverá optar pela ortografia brasileira


Numa crônica divulgada ontem pelo semanário A Capital, de Luanda, José Eduardo Agualusa defendeu que Angola deveria optar pela ortografia brasileira caso o Acordo Ortográfico não venha a ser aplicado.

Agualusa, escritor angolano com várias obras publicadas em todo o mundo, justifica a sua posição afirmando que Angola é um país independente que nada deve a Portugal.

Para o escritor, o fato do Brasil ser um país com 180 milhões de habitantes e produzir uma maior quantidade de livros a preços mais baixos (com temáticas mais próximas das angolanas como, por exemplo, a agricultura e o clima tropical) constituem uma mais-valia.

Contra a posição tomada por Agualusa, Mia Couto, escritor moçambicano, rejeita e defende que não existe necessidade de acordo ortográfico da língua portuguesa pois as omissões, exceções e casos especiais são tantos que não trará nenhuma melhoria efectiva. “Sou um grande amigo de Agualusa, mas nesse ponto tenho uma grande divergência”, afirmou Mia Couto, em Lisboa, no decorrer de uma sessão de autógrafos.

Agualusa diz que “Angola tem mais a ganhar com a existência de uma ortografia única do que Portugal ou o Brasil”. O escritor acusa Portugal de um “enraizado sentimento imperial” o que tem levado a que o Acordo Ortográfico não se desenvolva e acabe por cair no esquecimento.

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi alcançado em 1991 e assinado por todos os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), sendo, desde logo, retificado pelo Brasil, Cabo Verde e Portugal.

Relativamente a Angola, a análise do documento para a retificação está entregue aos ministérios da Relações Exteriores e da Educação e, segundo fonte da agência Lusa, o governo angolano está a desencadear mecanismos internos para a sua conclusão.

Nenhum comentário: