05/03/2008

Palavras que migram

Elas chegam ao país sem visto de entrada, parecem esquisitas e ninguém sabe ao certo de onde vêm: as palavras com "origem migratória" passam a fazer parte do idioma alemão, que sem elas seria 20% mais pobre.

"Não faça Fisimatenten!" A frase, que traduzida equivale a "não faça bobagens", não é mais tão comum no vocabulário quotidiano do país, mas entre as expressões estrangeiras "importadas" para o alemão ela é um verdadeiro clássico.

Ninguém sabe exatamente de onde vem essa expressão, embora haja a suspeita de que ela seja uma corruptela do francês visitez ma tente. A frase teria chegado ao país através dos soldados franceses, que, durante a ocupação da Alemanha por Napoleão, tentavam atrair as jovens alemãs, convidando-as para uma "visita à minha barraca".

Vários vocábulos que pertencem hoje ao idioma alemão surgiram há muitos séculos. Eles migraram, foram germanizados e adotados como se sempre tivessem estado ali.

Um dos exemplos é a palavra tohuwabohu, que em hebraico significa "deserto e vazio" e é geralmente traduzida em alemão por bagunça. A palavra é usada no contexto de uma situação de caos e desordem, sem, no entanto, ter um caráter pejorativo.

Novas situações necessitam de palavras novas. Nos séculos 17 e 18, alguns conceitos de origem militar foram introduzidos no idioma alemão, em função da Guerra dos Trinta Anos. Alguns deles são Appell (chamada), Blessur (ferida) e Deserteur (desertor). Mais tarde, chegou a vez das inovações tecnológicas, que fizeram com que os termos Fotografie, Telefon e Telegramm passassem a fazer parte do dia-a-dia.

Fato é que a língua não se mantém estagnada. Todos os dias surgem palavras novas, que acabam sendo usadas por grande parte da população. Comum chega a ser até mesmo o uso de verbos de outro idioma, porém conjugados em alemão, como é o caso, por exemplo, de gedownloadet ou downgeloadet (o passado de download, verbo em inglês usado para descrever o ato de baixar arquivos da internet).

por Elena Singer (sv)

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