15/02/2009

O que eu escrevi sobre o caso da brasileira na Suíça continua de pé

Dia 12, escrevi o texto Nós brasileiras no exterior, onde acusei os brasileiros de serem os primeiros a nos desvalorizar.

Agora que a versão da automutilação da brasileira na Suíça surgiu, recebi emails dizendo que eu dei um tiro do pé.

Clóvis Rossi, da Folha, termina seu texto de hoje 'Embaraço, nosso e deles' com o que uma brasileira em Portugal lhe contou: que naquele país todas as brasileiras são consideradas prostitutas.

Concordo com ela. Ja ouvi depoimentos aterradores. Uma conhecida minha, que estudava turismo naquele país, uma vez foi desrespeitada num ônibus ao ponto do português dá-lhe um tapa na cara. Na delegacia, para onde foram parar, o policial lhe disse: "sendo brasileira, o que você queria?"

Vamos ao texto do Rossi:

"Três ou quatro coisas que ainda é preciso dizer sobre o caso da brasileira Paula Oliveira, atacada ou automutilada nas imediações de Zurique:

1 - Se aceitei, precipitadamente, a versão dela sobre a agressão foi por absoluta falta de razões para duvidar. Afinal, ela não é clandestina nem tem ficha policial nem antecedentes comprometedores. Para que inventaria a história?

2 - Mesmo que tenha se automutilado, não há razões para, ao contrário do que diz certa mídia suíça, o país ficar ofendido pelas críticas à xenofobia. O Partido do Povo Suíço e seu líder, Christoph Blocher, são um embaraço para boa parte do establishment político local, exatamente pela xenofobia. Blocher é da mesmíssima família política de outros líderes da extrema-direita, como o francês Jean-Marie Le Pen e o austríaco Jörg Haider, recentemente morto, para não falar da Liga Norte italiana. O embaraço é tamanho que a União Europeia chegou a impor sanções à Áustria quando o partido de Haider entrou para a coalizão governante. Portanto, a hipótese de um atentado racista era verossímil. Nem seria o primeiro, aliás.

3 - Mas, se a versão da polícia for a verdadeira, só vai reforçar a desconfiança com que os brasileiros são vistos em parte da opinião pública europeia. Por mais que a maioria se mate de trabalhar, clandestinos ou não, os escândalos provocados por uma minoria de vigaristas contaminam todos, a ponto de ter ouvido, uma vez, de uma brasileira residente em Portugal, que todas as brasileiras são tratadas como prostitutas."

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