21/06/2010

Uma vírgula na vida de Saramago

por Adelina Barradas de Oliveira

Há homens cujas vidas não têm ponto final.

Homens que trazem nas mãos uma fonte que transborda em letras, palavras, ideias, que nascem na alma.

Homens livres e libertos, sós e sempre acompanhados pela inquietante certeza de que, nada é certo, e tudo tem de mudar.

São homens que transportam mundos e os vão desenhando no papel, e com eles fazem livros.

Há homens que existem há uma eternidade e viverão até à eternidade. Que sabem o sabor do vento ou o som do arco iris.

Há homens que não se dão, não se dobram, não se ajustam, simplesmente são.

Não têm lutas porque a sua vida é toda uma luta de espantos e barreiras.

Fazem da caneta a arma ao ponto certo e, vão rasgando a vontade em rumos individuais e incertos.

Há homens que escrevem sem vírgulas e sem pontos finais, não fazem parágrafos nem colocam travessões...escrevem...

Vivem e morrem como escrevem,...sem finais,...sem parágrafos,...sem travessões.

ACCB

(Dia da morte de José Saramago - escritor Português-Prémio Nobel de Literatura)

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