04/08/2007

Homem pequenino



Alfonsina Storni

Homem pequenino, homem pequenino,
Solta o teu canário que quer voar...
Eu sou o canário que quer voar...
Eu sou o canário, homem pequenino,
Deixa-me escapar.

Estive na tua gaiola, homem pequenino,
Homem pequenino que gaiola me dás.
Digo pequenino porque não me entendes,
Nem me entenderás.

Tampouco te entendo, mas enquanto isso
Abre-me a gaiola que quero escapar;
Homem pequenino, amei-te meia hora.
Não me peças mais.

(Tradução de Carlos Seabra)


Alfonsina Storni nasceu em 1892 e faleceu em 1938. Uma das mais importantes poetas íbero-Americana do pos-modernismo.

Nasceu em Sala Capriasca, Suíça, filha de um industrial argentino. De volta, sua família abriu um bar em Rosário, depois de falir.

Trabalhou em teatro pelo país até retornar a Rosário para terminar sua formação de professora primária.

Em 1911 se mudou para Buenos Aires em busca do anonimato da grande cidade. Foi quando seu filho, de pai desconhecido, nasceu.

Enquanto trabalhava como caixa de loja, publicou seu primeiro trabalho e escrevia em revistas. Nesse tempo entrou em contato com outros escritores, tais como José Enrique Rodó e Amado Nervo.

Em 1920, ganhou o primeiro Prêmio de Poesia e o segundo de Literatura Nacional.

Passou a ensinar literatura na Escola Normal e publicou Ocre. O realismo se acentuou no seu trabalho e o tema feminismo se fortaleceu. A vida marginal começou a afetar sua saúde, e problemas emocionais obrigaram-na a abandonar o trabalho de professora.

De volta à Europa, mudou o estilo formal para um lirismo mais dramático, acompanhado de erotismo até então desconhecido.

Com o suicídio do amigo Quiroga em 1937, e com câncer no seio, Storni escreveu seu último poema, Voy a dormir ("Vou dormir"). No dia seguinte cometeu suicídio na praia La Perla, em Mar del Plata, Argentina.

(Monumento a Storni em Mar del Plata, Argentina)

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