22/08/2009

Eu vi com esses olhos

E eu tive medo.

Plagiando a doida da Regina Duarte e a Danusa Leão, eu digo: Sim, eu tive medo. Eu tive medo, mas não do PT e o Lula – o indivíduo mais democrático na face da terra -, mas dos nazistas. Eu nunca tinha vivenciado o ataque de um grupo nazista. E isso me deu medo.

Vamos pelo começo.

Semana passada, enquanto ajudava a distribuir jornais do partido Die Linke, do qual sou filiada, um nazista se aproximou. Saíra naquele instante do metrô e, com aquela cara ameaçadora de todo covarde, ficou nos espreitando a uns dois metros de distância.

Sussurrei a um colega, perguntando o que devíamos fazer. Ele respondeu que tínhamos que esperar para ver quais as intenções do brutamontes solitário.

O brutamontes no entanto pediu-nos um balão, vejam só, um balão!, e correu para alcançar um ônibus que saía. Se estivesse acompanhado teria tido outro comportamento, estou certa.

Hoje, saí de casa por volta das dez em companhia de minha cachorra. Fomos de bicicleta ao encontro dos colegas do partido num outro bairro.

A manhã, ensolarada e com uma leve brisa, prometia. No caminho fui pensando o quanto eu gostava de viver na Alemanha, minha segunda pátria.

O ponto do encontro era em frente aos Correios. Éramos 4. Num determinado momento, estava eu atrás da 'Infotisch', mesa em que colocamos os jornais e panfletos, lendo o material que distribuíamos, quando um colega, vindo da esquina (10 metros de onde estávamos) nos informou: um grupo de nazistas se aproxima.

Imediatamente nos colocamos de prontidão. Os 6-7 indivíduos nos cercaram. Pensei: vou sair do círculo. mas antes pegarei minha máquina fotográfica. Fingi fotografar meus colegas, quando na verdade os fotografava.

Eles começaram a distribuir panfletos de maneira agressiva. Uma colega turca, falando alto, deu-lhes a resposta. Ao entregar os folhetos do Die Linke dizia de maneira clara e em bom tom as palavras “Vamos lutar contra esses nazistas”.

Três deles cruzaram a rua de duas pistas em direção a uma padaria. Em questão de segundos estavam dando porrada em alguém lá dentro. Minha colega começou a gritar “Polícia, polícia, nazistas, nazistas. Telefonou para a polícia.




Nisso, os três nazistas voltaram em nossa direção. Um estava com um lado do rosto coberto de sangue. O que estava à nossa esquerda gritou “Vamos embora”. Caminhei rápido e fotografei todos eles de costas.

Corri para a padaria. E fotografei sacos espalhados pelo chão e um negro atrás do balcão com um pano no rosto. Comecei a tossir e a lacrimejar instantaneamente. Os covardes tinhas lançado spray de pimenta no rosto do cidadão negro.







20 minutos decorreram – fiquei marcando – até a polícia, que normalmente chega em 3-5 minutos, aparecer. Uma eternidade para a emergência. Um policial pediu o depoimento de minha colega turca com detalhes.

Para resumir: ele não teve interesse em ver as fotos que tirei. E ainda me deu um aviso: Não publique na internet. É contra a lei. Você pode ser presa!

Como já era meio-dia, resolvi ir embora. Ao passar pela rua atrás dos Correios, vi três carros de polícia parados num estacionamento. Os policiais conversavam sabem com quem?

Adivinhou quem disse, com os NAZISTAS.

A paz entre eles parecia o chá das 4:00 da rainha Elizabete.

Voltei voando e chamei um colega que tinha uma máquina com teleobjetica e que chegou depois dos nazistas terem ido embora.

Porém, ao chegarmos, eles tinham se dispersado.

Eu agora posso dizer que eu vi com mesmos próprios olhos a promiscuidade entre o nazismo e a polícia alemã.

Um comentário:

angela disse...

Terrivel, pena que existam pessoas assim neste mundo. Tão infelizes e cheias de odio que precisam espalhar sua ira e infelicidade para os outros.
abraços