26/01/2008

CIENTISTA BRASILEIRO, AUTOR DE FAÇANHA DA NEUROCIÊNCIA, DIZ QUE PARTE DA MÍDIA BRASILEIRA TORCE CONTRA

WASHINGTON - O doutor Miguel Nicolelis não precisa de promoção. Nem de holofotes. Ele é um dos principais neurocientistas do mundo. Na semana passada o New York Times deu a ele meia página de jornal. Como cientista da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, o mais recente feito de Nicolelis foi conseguir transmitir a energia do pensamento de um macaco de um laboratório nos Estados Unidos para o Japão, onde essa energia mexeu um braço robótico.

Você leu direito. O doutor Nicolelis trabalha com a "força do pensamento". Ele acredita que um dia os homens e mulheres tetraplégicos poderão usar o pensamento para mover cadeiras de roda, utensílios ou usar um computador. Ele acredita que existe potencial para que a energia do pensamento humano, amplificada, mova grandes máquinas. Como todo cientista, o doutor Nicolelis é um sonhador.

"O Brasil é visto como uma das grandes esperanças do mundo", ele me disse na tarde deste domingo desde Lausanne, na Suiça. Um dos motivos da viagem é que ele vai apresentar, no Fórum de Davos, na semana que vem, o projeto de educação científica que está desenvolvendo com dinheiro da iniciativa privada e em parceria com o governo brasileiro. Um projeto que ele define como "Ciência com missão social".

O projeto-piloto, que já funciona no Rio Grande do Norte, nos próximos três anos pretende levar educação científica a 1 milhão de crianças de escolas públicas brasileiras, que terão acesso a laboratórios dos quais nem mesmo as escolas privadas do país dispõem. O projeto foi celebrado na edição mais recente da revista Scientific American, inclusive com a publicação de um editorial assinado pelo doutor Nicolelis com o presidente Lula . O editor da revista revelou surpresa com o interesse de um presidente da República pelo assunto, já que esse tipo de projeto não existe nem mesmo nos Estados Unidos.

"Sem isso o Brasil não tem chance de competir", disse o doutor Nicolelis na entrevista. No projeto-piloto, depois do horário de aulas as crianças são levadas para laboratórios onde trabalham em projetos científicos educacionais. O objetivo é despertar nelas o interesse pela Ciência. "Talento a gente tem", diz o cientista. O projeto faz parte do esforço para desenvolver um pólo de Neurociência na região de Natal.

Porém, o cientista brasileiro se disse surpreso com a falta de repercussão que o assunto teve no Brasil, que ele atribui à polarização política. "Parte da mídia brasileira perdeu a capacidade de sonhar", afirmou o dr. Nicolelis. Eu sei do que ele está falando. Talvez ninguém tenha explicado ao cientista brasileiro que existe o PIG e que o PIG faz da propaganda de Fernando Henrique Cardoso e sua turma seu principal produto. Para o PIG, no Brasil, todos os problemas são federais.

Do blg Vi o mundo

Um comentário:

Unknown disse...

Oi Glória,

como eu sempre digo: a imprensa é uma mal necessário. E isso, nao é só no Brasil...

Gruss

Flávio